Procura de casas para alugar cai nas grandes cidades e cresce no interior

Luis Cura • 23 de dezembro de 2022

O aumento acentuado das rendas e a escassez de oferta tem desviado a procura de casas para arrendar para regiões do interior do país. Mas a tendência pode inverter-se, se o mercado de venda cair.

Numa altura em que as rendas continuam a aumentar a ritmo acelerado nos maiores centros urbanos, e em que a oferta permanece escassa para dar resposta à procura, o mercado de arrendamento está a sofrer uma forte contracção nas grandes cidades, onde as casas são mais caras, ao mesmo tempo que está a crescer significativamente nas regiões do centro e do Norte do país.


Os dados, divulgados esta quinta-feira, são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que deu conta de uma estabilização dos valores das rendas a nível nacional no terceiro trimestre deste ano, um fenómeno que, contudo, não foi transversal a todo o país. No período em análise, o valor mediano das rendas fixou-se em 6,55 euros por metro quadrado, número que representa um aumento de 7,6% em relação a igual período do ano passado, mas que é igual ao que já tinha sido registado no segundo trimestre deste ano. Foi a primeira vez desde o início de 2020 que não se verificou um aumento das rendas em termos trimestrais.


Este movimento foi registado num período em que foram celebrados 22.138 novos contratos de arrendamento em Portugal, uma queda de 5,5% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, naquela que é a maior redução homóloga no número de novos contratos de que há registo desde que o INE começou a divulgar estes dados.

E esta queda no número de novos contratos, mostram ainda os dados do INE, fica a dever-se, sobretudo, ao desempenho do mercado nas grandes cidades, onde, ao mesmo tempo, o aumento das rendas foi superior ao que aconteceu no resto do país. No conjunto dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, foram celebrados 11.956 novos contratos de arrendamento durante o terceiro trimestre deste ano: é o equivalente a mais de metade dos contratos celebrados em todo o país neste período, mas representa também uma queda de quase 9% em relação ao que tinha sido registado em igual período do ano passado.

Em várias destas cidades, a contracção do mercado de arrendamento é ainda maior e chega a ultrapassar os dois dígitos. É o caso de Vila Nova de Gaia, onde o número de novos contratos celebrados caiu 20% em relação ao ano passado, ou de Lisboa, Loures e Odivelas, onde se registam quedas superiores a 10%.


Isto, enquanto os preços continuaram a crescer a ritmo acelerado nas grandes cidades. No conjunto dos maiores municípios, o valor mediano das rendas fixou-se em 8,82 euros por metro quadrado, número que fica quase 35% acima da mediana nacional e que representa um aumento superior a 10% em relação a igual período do ano passado, um crescimento igualmente acima daquele que se verifica a nível nacional.

Também no que diz respeito aos preços, há grandes cidades com aumentos bem mais acentuados. O maior aumento, superior a 25%, regista-se em Barcelos, mas também em Cascais (que já é o município mais caro do país para arrendar casa, com uma renda mediana de 13,63 euros por metro quadrado) e no Funchal se verificaram aumentos superiores a 20%. Já em Lisboa, as rendas aumentaram 13% e ultrapassaram a fasquia dos 13 euros por metro quadrado, enquanto no Porto o aumento homólogo foi de 10%, para 10,08 euros por metro quadrado.


Ciclo pode inverter-se


O fenómeno de contracção do mercado de arrendamento nas grandes cidades não é novo e é explicado pelas suas duas partes: oferta e procura. “Também verificamos esta tendência, sobretudo em Lisboa e no Porto. Por um lado, podemos atribuir isto ao aumento das rendas que se tem observado, que condiciona a procura e acaba por afastá-la para outras geografias. Mas também é verdade que esta dinâmica é acompanhada por uma redução da oferta”, explica Ricardo Guimarães, director da Confidencial Imobiliário.


Esta tendência, acrescenta, já se verifica desde meados de 2021, quando o mercado de venda começou a acelerar, levando, por outro lado, à desaceleração do mercado de arrendamento. Com o actual contexto de perda de rendimento disponível e aumento dos juros, que dificultam a compra de casa, o responsável admite que a tendência poderá voltar a inverter-se. “É natural que um ciclo de redução do número de vendas de casas possa contribuir para um aumento tanto na procura, como na oferta de casas para arrendar, uma vez que os proprietários também preferem colocar as casas no mercado de arrendamento do que vender a preço de desconto”, considera Ricardo Guimarães.


No primeiro semestre deste ano, de acordo com os dados mais recentes já disponibilizados pelo INE, foram vendidas 87.151 casas em Portugal, por um montante total superior a 16.369 milhões de euros, números que correspondem a aumentos de 14% e 30%, respectivamente. Mas as consultoras imobiliárias já admitem, há vários meses, que o mercado poderá registar um abrandamento no próximo ano, não só pelo aumento do custo de aquisição e redução do rendimento disponível das famílias, como pela cada vez mais evidente escassez de oferta.


Seja como for, para já, é notório o desvio da procura de casas para arrendar em regiões do interior do país, onde os preços também aumentam, mas permanecem significativamente mais baixos do que nas grandes cidades.


O crescimento do mercado verifica-se, sobretudo, em sub-regiões do Norte e do centro do país, mas também em algumas zonas do Alentejo. Entre as oito sub-regiões que compõem a região norte, o número de novos contratos aumentou em quase todas – a excepção foi a Área Metropolitana do Porto, que, simultaneamente, reúne uma parte significativa das grandes cidades. Já no centro o mercado cresceu em cinco das oito sub-regiões, registando-se uma contracção no Oeste, Aveiro e Médio Tejo.


Os maiores aumentos homólogos no número de novos contratos de arrendamento, superiores a 20%, verificam-se em Terras de Trás-os-Montes, no Norte, e Beira Baixa, no centro, que, ainda assim, continuam a ser duas das zonas com menor número de novos contratos celebrados. Em sentido contrário, zonas como a Área Metropolitana de Lisboa, o Algarve ou o Alentejo litoral registam quebras a dois dígitos.


Este crescimento dá-se, enquanto os preços nestas regiões continuam muito abaixo dos que são praticados no resto do país, chegando mesmo a cair nas zonas que estão a ser mais procuradas. Nas regiões de Terras de Trás-os-Montes e Beira Baixa, onde o crescimento do número de novos contratos de arrendamento foi mais acentuado, as rendas caíram 7% e 6%, respectivamente, no terceiro trimestre deste ano. O valor mediano do metro quadrado ficou, assim, em 2,67 euros em Terras de Trás-os-Montes (menos de metade do valor mediano a nível nacional) e 3,32 euros na Beira Baixa.

FONTE: publico




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