Ponto por ponto, um resumo das medidas do Governo para a habitação

Luis Cura • 17 de fevereiro de 2023

Pacote de medidas para a habitação foi apresentado pelo Governo na quinta-feira. Veja aqui um resumo das principais medidas.

O Governo anunciou, na quinta-feira, as medidas do 'Programa Mais Habitação', que, entre outras, prevê a disponibilização de mais solos para construção de habitação, incentivos à construção por privados ou incentivos fiscais aos proprietários para colocarem casas no mercado de arrendamento.


O novo pacote legislativo foi aprovado num Conselho de Ministros dedicado à habitação, cuja realização foi anunciada em janeiro pelo primeiro-ministro, António Costa, durante uma entrevista à RTP, tendo o Governo assumido a habitação acessível como um dos maiores desafios da atualidade.


Entre as medidas que visam estimular o mercado de arrendamento, assim como a agilização e incentivos à construção, incluem-se o fim dos vistos 'gold', o Estado substituir-se ao inquilino e pagar rendas com três meses de incumprimento, a obrigatoriedade de oferta de taxa fixa pelos bancos no crédito à habitação ou famílias que vendam casas para pagar empréstimo da sua habitação ficarem isentas de mais-valias.

As medidas do 'Programa Mais Habitação' vão custar cerca de 900 milhões de euros, não incluindo nesta estimativa o que venham a ser valores de custos com rendas, com obras a realizar ou com compras, mas incluindo aqui o valor das linhas de crédito, e será mobilizado através das verbas do Orçamento do Estado, indicou o ministro das Finanças, Fernando Medina.


Eis as principais medidas:


  • Governo vai deixar de conceder vistos 'gold'


António Costa anunciou que o Governo vai eliminar a concessão de novos vistos 'gold' e que em relação aos já concedidos "só haverá lugar à renovação se forem habitação própria e permanente do proprietário e do seu descendente, ou se for colocado o imóvel duradouramente no mercado de arrendamento".


  • Estado compromete-se a pagar rendas com três meses de incumprimento


O Estado vai substituir-se ao inquilino e pagar rendas com três meses de incumprimento, para reforçar o mercado de arrendamento. Segundo o Governo, "todos os pedidos de despejo que deem entrada no balcão nacional de arrendamento, após três meses de incumprimento" poderão ser pagos pelo Estado, ou seja, "o Estado passará imediatamente a substituir-se ao inquilino no pagamento ao senhorio das rendas".

Em contrapartida, o Estado ficará na posição do senhorio para cobrar as rendas em dívida e, se houver "causa socialmente atendível" para justificar o incumprimento, assumirá o seu papel apoiando o pagamento das rendas ou avançando com uma medida de realojamento.

No caso de se tratar de um "incumpridor profissional", então o Estado avançará com o despejo, explicou o primeiro-ministro.


  • Proprietários que vendam casas ao Estado ou autarquias isentos de mais-valias


Os proprietários que vendam casas ao Estado ou autarquias vão ficar isentos do imposto sobre as mais-valias, de forma a aumentar a oferta de habitação para o mercado de arrendamento acessível.


  • Limite no valor das rendas dos novos contratos de arrendamento


O valor das rendas dos novos contratos de arrendamento vai passar a ter critérios que limitam a sua subida.

"Para novos contratos a nova renda deve resultar da soma da última renda praticada com as atualizações que poderiam ter sido feitas no período do contrato", explicou o primeiro-ministro.

Além destes dois critérios o valor da nova renda poderá ainda ter em conta o objetivo de inflação de 2% definido pelo Banco Central Europeu (BCE).


  • Bancos vão ser obrigados a disponibilizar taxa fixa


Os bancos vão passar a ter de disponibilizar ofertas de taxa fixa no seu portfólio de crédito à habitação, anunciou o Governo, sinalizando que com esta medida deixará de ser possível, como atualmente, que as instituições financeiras possam não disponibilizar esta oferta.


  • Taxa autónoma de IRS sobre as rendas vai baixar de 28% para 25%


O Governo avançou com uma medida que diminuiu em três pontos percentuais, de 28% para 25% a taxa autónoma que incide sobre os rendimentos de rendas.

A taxa autónoma que atualmente incide sobre os rendimentos de rendas está balizada há vários anos nos 28% - quando o senhorio não opta pelo englobamento dos rendimentos -- havendo situações em que esta taxa pode ser reduzida em função da duração do contrato.

A medida hoje aprovada reduz a taxa de IRS de 28% para 25% e mexe também nas taxas mais baixas de IRS que são atribuídas aos contratos de maior duração. Assim, a taxa de IRS aplicada a contratos com duração entre cinco e 10 anos baixa de 23% para 15% e entre 10 e 20 anos recua de 14% para 10%. Já nos contratos com duração superior a 20 anos a taxa do imposto recua de 10% para 5%.


  • Imóveis que se mantenham no alojamento local vão pagar uma contribuição especial


Os imóveis que se mantenham no alojamento local vão ser chamados a pagar uma contribuição especial, sendo que a receita será consignada ao IRHU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) para financiar políticas de habitação.

O Estado pretende também cativar os senhorios para transferirem os imóveis que têm em alojamento local para habitação, assegurando aos que o fizerem até final de 2024, uma isenção de tributação de IRS até 2030, como "compensação para a diminuição de receita que vão ter".


  • Famílias que vendam casas para pagar empréstimo da sua habitação isentas de mais-valias


O Governo aprovou também a isenção de imposto sobre as mais-valias geradas na venda de casas quando o valor da venda se destine a amortizar o crédito da habitação própria e permanente do proprietário ou descendentes.

Ou seja, não serão tributadas as mais-valias resultantes "da venda de imóveis do próprio" e que "sejam aplicadas na amortização do crédito de primeira habitação", deste e de descendentes.


  • Casas que saiam do alojamento local até 2024 não pagam IRS de rendas até 2030


Os proprietários que retirem as suas casas do alojamento local até ao final de 2024 e as coloquem no mercado de arrendamento habitacional vão ter isenção de IRS sobre as rendas até 2030.

Segundo o Governo, para beneficiarem de isenção de IRS sobre as rendas, os donos das casas no alojamento local terão de colocá-las no mercado de arrendamento entre fevereiro de 2023 e até ao final de 2024.


  • Governo cria bonificação para famílias enfrentarem subida dos juros do crédito à habitação


O Estado vai bonificar em 50% a taxa de juro dos créditos à habitação até 200 mil euros, de famílias cujo aumento supere o teste de 'stress', no caso de famílias que recebem até 38.632 euros anuais.

"Sempre que a taxa de juro suba acima desse valor máximo a que foi sujeito no 'stress', há um esforço imprevisto para a família relativamente àquilo que era a sua taxa de esforço e o Estado bonificará esse aumento em 50%", explicou o primeiro-ministro.

Esta medida terá um caráter temporário e o valor do apoio está limitado a 1,5 IAS, ou seja, até 720,65 euros.


  • Governo proíbe novas licenças de alojamento local


As emissões de novas licenças de alojamento local "serão proibidas", com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde poderão dinamizar a economia local.

O primeiro-ministro comunicou ainda que as atuais licenças de alojamento local "serão sujeitas a reavaliação em 2030" e, depois dessa data, periodicamente, de cinco em cinco anos.


  • Governo vai simplificar licenciamentos municipais e penalizar atrasos na emissão de pareceres


Os projetos de arquitetura e de especialidades vão passar a ser licenciados apenas com base no termo de responsabilidade dos projetistas e as entidades públicas serão penalizadas no caso de atrasos na emissão de pareceres.

Assim, o licenciamento municipal ficará limitado à avaliação urbanística: se o solo é ou não permitido para construção e o respeito de normas, afastamentos e outras exigências urbanísticas.


  • Governo aprova linha de crédito para municípios fazerem obras em casas devolutas


O Governo anunciou uma linha de crédito de 150 milhões de euros dirigida aos municípios, para que possam realizar obras em casas devolutas.

Terrenos e imóveis de comércio e serviços vão poder servir para habitação sem alteração de licença

Terrenos ou imóveis autorizados para comércio e serviços vão poder ser utilizados para construção ou convertidos em habitação sem alteração de planos de ordenamento do território ou licenças de utilização.

A mudança, segundo o primeiro-ministro, poderá ser feita "sem necessidade de alterar qualquer plano de ordenamento do território ou licença de utilização".


  • Famílias em esforço podem receber apoio de até 200 euros


O Governo vai disponibilizar um subsídio de renda, no valor máximo de 200 euros, para apoiar as famílias que estão a gastar com habitação mais de 35% do rendimento.


  • Governo adota regime de "arrendamento compulsivo" de casas devolutas


O Governo vai adotar um regime de "arrendamento compulsivo" das casas devolutas, no quadro do 'Programa Mais Habitação', que prevê que caberá ao Estado ou ao município "pagar ao proprietário a renda que é devida" e cobrar "a renda que resulta do subarrendamento" que fará depois.


Veja Aqui Comunicado do Conselho de Ministros de 16 de fevereiro de 2023


Fale com um dos nossos consultores e encontre o imóvel certo para si.



LCC - Luís
 Cura Consulting


Luis Cura

Ajudo Pessoas, sou consultor imobiliário


lc@luiscura.com


Century21 Arquitectos

luis.cura@century21.pt

tlm 915137858


#luiscuraconsulting  #century21arquitectos  #imoveis  #investimentoimobiliario #proprietarios #arrendamentoacessivel #construcao #rendas #inquilinos


Por Luis Cura 8 de abril de 2025
O que é o Build to Rent?
Um grupo de trabalhadores da construção civil está sentado à mesa olhando para uma planta baixa.
Por Luis Cura 6 de setembro de 2023
Vai comprar um imóvel que necessita de obras? Ou apenas melhorar uma casa da qual já é proprietário? De qualquer das formas, existe uma solução: o crédito pessoal para obras. É um financiamento simples e que pode ser contratado digitalmente. Saiba como funciona.
Uma pessoa está colocando moedas em uma pilha de moedas ao lado de uma casa de madeira.
Por Luis Cura 6 de setembro de 2023
A taxa de juro que escolhe no seu crédito habitação tem impacto direto no valor que vai pagar de prestação mensal. Pode decidir entre uma taxa fixa, variável ou mista. Mas o que significa cada conceito, como funciona e como impacta o crédito?
Um homem de terno e gravata está cobrindo um recorte de papel de uma família, um carro e uma casa.
Por Luis Cura 6 de setembro de 2023
Vai contratar um seguro de vida numa idade mais avançada? Ou pretende transferir o seu seguro de vida para uma nova seguradora a meio do contrato? Explicamos neste artigo qual a influência que a idade pode ter no custo de um seguro de vida.
Uma pessoa está segurando um guarda-chuva vermelho sobre três figuras de madeira.
Por Luis Cura 6 de setembro de 2023
Ao contratar um crédito habitação, depara-se com a exigência de subscrever também um seguro de vida. Mas, afinal, porque é necessário associar este seguro ao crédito e como funciona este produto?
Um homem de terno e gravata está cobrindo uma casa e um carro com as mãos.
Por Luis Cura 6 de setembro de 2023
Quer contratar um seguro multirriscos, ou deparou-se com a exigência desta contratação no processo de crédito habitação? Saiba como funciona o seguro que protege o imóvel, neste artigo.
Uma rua estreita com prédios em ambos os lados
Por Luis Cura 23 de agosto de 2023
Comprar casa na rua mais exclusiva custa 4 milhões. Top 10 é liderado por ruas situadas no distrito de Lisboa, diz idealista.
Um homem e uma mulher estão se abraçando em frente a uma pilha de caixas de papelão.
Por Luis Cura 23 de agosto de 2023
Atividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem só pode ser exercida por empresas licenciadas pelo IMT.
Um homem de terno está sentado à mesa em uma sala de conferências.
Por Luis Cura 23 de agosto de 2023
Mais Habitação tem contribuído para gerar desconfiança e insegurança entre quem investe, dizem players do setor. E aplaudem veto.
Uma vista aérea de uma cidade com muitos edifícios e árvores.
Por Luis Cura 22 de agosto de 2023
Marcelo Rebelo de Sousa considera que «em termos simples, não é fácil de ver de onde virá a prometida oferta de casa para habitação com eficácia e rapidez».
Mais Posts